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Sobre nós





Porque o Movimento?



O precursor do Movimento Gaio, O Movimento Terra Queimada, foi fundado em 2010 pelo Bernardo e Teresa Markowsky após os incêndios florestais que arrasaram a Calcedónia, Serra Amarela e uma grande parte da Mata de Cabril no Parque Nacional da Peneda Gerês – além da destruição catastrófica na Serra da Freita e em outros sítios do país. Segundo dados oficiais, a área ardida naquele ano ultrapassou os 133 mil hectares e contaram-se mais de 22 mil incêndios.

Decidimos atuar. Para nós, a situação tornou-se insuportável.

Associamo-nos no ano de 2014 ao GEOTA SEC.
A fotografia em cima foi tirada neste verão de 2010 em Salto para onde fugimos dos incêndios do Gerês. Tudo à volta ardeu. Escrevi o meu primeiro artigo sobre os incêndios florestais, "O pastor Manuel e seu rebanho nas cinzas", que se encontra no nosso arquivo assim como outros. Relendo-os ainda os encontro notáveis e com um certo espírito combatente.
A entrevista com Nuno Gomes de Oliveira, diretor do Parque Biológico de Gaia, tem um toque preditativo. Revela a história do Parque Nacional e a sua situação atual duma forma invulgar e frontal. Ele pintou um quadro negro com muito cepticismo.
A situação seria muito menos escura, quando tais personalidades com experiência e caráter forem ouvidas, em vez de ignoradas.

Apesar de ter toda a razão começamos o nosso trabalho como uma contradição prática em procura de soluções.

Dedicamo-nos à reflorestação de espaços afetados pelos incêndios, envolvendo voluntários e locais. Criamos eventos de sementeiras com árvores caducas autóctones e introduzimos o método de sementeira através de bolas de sementes criado pelo japonês, Masanobu Fukuoka.

Encapsular sementes em argila tem um alto valor simbólico: o enorme poder da ecologia, simples e social, a capacidade de criar vida como parte da responsabilidade de deixar aos nossos descendentes um planeta habitável contra o desafio incontornável dos tempos.



A NOSSA HISTÓRIA



Em 2010, minha esposa Teresa pediu-me para ir com ela para a Serra do Gerês, porque estava doente e em nenhum lugar tinha recuperado melhor do que aí, nas nossas amadas montanhas. Mas isso era impossível, porque elas estavam em labaredas e fumo, durante semanas!
Decidimos agir e fundamos o Movimento Terra Queimada. Fizemos pesquisas, realizamos entrevistas, tiramos fotografias, publicando os resultados em Portugal e na Alemanha.
Mas algo mais precisava ser feito, um genuíno reavivamento era necessário. Queríamos tornar novamente verde a terra queimada, afim de combater a mudança climática, para espalhar esperança e envolver as pessoas que mais tarde também venham proteger o que semearam.
Depois de algumas tentativas e erros encontramos o método engenhoso de bolas de sementes do agricultor e filósofo japonês Masanobu Fukuoka. Este foi exatamente o instrumento pelo qual estávamos procurando: algo simples, atraente e comunicativo. Algo para contrair o mal comum, o que eu chamo de "trabalho de extraterrestres": a produção de monoculturas numa forma bonita. E mais, este método é surpreendentemente bem-sucedido.
Em uma campanha de bolas de sementes que realizamos no inverno de 2012 perto de Braga, numa área de 3 ha, chegamos a uma taxa de sucesso fantástico de 80%! Todo o terreno encontrou-se em Junho do ano 2013 cheio de pequenos carvalhos.​ ​

​Este método consiste numa primeira fase, em que convidamos voluntários e moradores das áreas afetadas, a fim de coletarem as sementes; numa segunda fase fazemos reuniões públicas em lugarejos e cidades onde as bolas de sementes são produzidas em grande quantidade e numa terceira fase em que são lançadas em localizações que antes sofriam de degradação.
Para fabricar bolas de sementes, precisa-se de terra, argila e sementes de espécies arbóreas nativas. Usamos sem exceção sementes de árvores de folha caduca como o carvalho e castanheiro. Além disso incorporamos sementes de leguminosas que suportam as mudas.



O COMEÇO



Todo o começo é ingénuo e há magia em todos os começos. O iniciante fica atingido por este raio.

"O que", perguntou-me alguém recentemente, "é peciso para se dedicar ao trabalho ambiental"?
"A vontade", respondi, "que surge pela consciência da plena necessidade. Uma boa porção de persistência. E a dádiva para aprender."

Várias vezes me perguntaram se estudei biologia ou tais coisas ambientais. Já fui chamado "engenheiro" pelo costume social que alguém que está a liderar projetos de plantações e sementeiras tem de ser um doutor ou engenheiro. Não, não estudei em nenhuma universidade, estou ouvir bem que outros dizem, estou a estudar e fazer pesquisas todos os dias. "Mestre aprendiz" é o título que me agrade. É bom lembrar-se por vezes dos inícios ingénuos. Quando cheguei a Portugal há doze anos não sabia quase nada sobre a paisagem e a sua vegetação que passou á minha frente atrás da janele de comboio. A única coisa que percebi, porque era palpável nas longas horas da viagem pelo país, era que havia demasiado eucalipto. Além de bom cheiro parecia monótono. Por qual razão estes plantios enchem a paisagem e o que causam, não sabia nada disso.

Quando foi publicado no ano passado o meu ensaio A Rota do Eucalipto na revista alemã "Komune", meu amigo, o poeta Utz Rachowski ligou-me e disse: "Que excelente ensaio tu escreveste. Nos anos oitenta, quando viagei por Portugal em autocarro, o motorista quebrava um ramo dum eucalipto em cada paragem e mantinha-o em frente do nariz de cada passageiro para sentirmos o cheiro. E nós: 'Que bom, que maravílha! Qual riqueza vocês têm! Na Alemanha não há nada disto!' Só agora percebi do que se passa."

Sabemos que nem tudo o que é verde é bom. O pior de tudo é que, além de serem imensas as consequências nefastas, são geralmente irreversíveis. Após a sua instalação, são tremendas as dificuldades em parar a expansão ou erradicar estas espécies invasivas.

Lembro que cada um de nós pode ser parte do problema ou da solução. Resolvemos fazer parte da solução e com bolas de sementes começar a semear a nossa floresta nativa.



Identidade e mudança



Como Movimento Terra Queimada começamos actuar, ouvir testemunhas e opiniões, a publicar as nossas conclusões e actuar. É um nome que chama atenção e provoca logo reacções como palavra-chave de protesto contra o flagelo dos incêndios florestais que chamuscam o país.

Seis anos mais tarde, seis anos da experiência no campo da nossa luta para criar uma floresta que merece este nome, uma floresta nativa e resiliente, fomos enfrentados com mais uma série de incêndios florestais catastróficos na Serra da Freita. Desta vez fomos nós os testemunhas da primeira linha, até participamos no combate contra os incêndios.

Foi um período extremamente duro e devastador.

A nossa resposta é continuar de criar esperança de forma activa. Foi assim, como uns dos nossos amigos sólidos sugeriram que era altura de mudar o nosso nome. Escolhemos como parceiro simbólico e em simultâneo simbiótico, o Gaio. Seu grasnar áspero ecoa amplamente pelos bosques, quando passamos seu habitat, mas o seu trabalho de semeador de carvalhos executa silenciosamente ano por ano. Do caminhante atento se mostra sua obra infalívelmente em pinhais antigamente monocultural, mas entretanto intercaladas com jovens carvalhos.



Os estatutos





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Compromisso Social



O nosso teorema é: biodiversidade tem muito a ver com a sociodiversidade num mundo dominado pelo homem, ambos são entrelaçados. A nossa experiência confirma esta ideia.

Uma mudança nas práticas da gestão florestal é baseada em uma nova ética. A exploração dos recursos naturais para uso exclusivo do homem levou-nos aos actuais crises ecológicas que se cada ano agravam. O abandono do interior é apenas o outro lado da mesma moeda. Este abandono está ser acompanhado por um abandono espiritual, uma grave perda de conhecimento, como lidar com cuidado e gratidão com a natureza.

Uma floresta consiste num conjunto de árvores de diversas espécies que se entrelaçam e criam um biótopo particular, cheio da vida da fauna e flora. A floresta é vida em si.

As árvores num bosque não disturbado comunicam uns com os outros, através das raízes, com a ajuda dos cogumelos com quais estão em simbiose e através do ar.

Concordamos com o conceito Floresta Comum, segundo os benefícios que a floresta nativa oferece: ar puro, criação de oxigénio, captação de CO2, beleza, retenção da água, aumento da biodiversidade, é um bem comum, aplicam-se à todos nós, até às futuras gerações.